O Papagaio E O Arrependido
Um papagaio aprendeu a repetir a seguinte frase: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado.” Seu dono adorava quando ao chegar do trabalho, ouvia seu papagaio cantar: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado.” Mas os moinhos do mundo dos negócios giram ferozmente, e num “negócio mal feito”, ele perdeu uma fortuna, num único dia.
Ao chegar em sua casa como um soldado ferido, lá estava o papagaio: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado.”
E melancolicamente, respondeu para o papagaio: “Não meu amiguinho, a fortuna vem, a fortuna vai”, disse acariciando a cabeça do papagaio, “perdi minha fortuna, assim como também perdeste a tua.” E assim abandonou o papagaio num subúrbio da cidade. Logo depois, ia passando um homem que empurrava um carrinho de madeira cheio de frutas que gritava: “Comprem, comprem as belas frutas do seu amigo
Ortenato.” Quando num intervalo de uma frase para outra ele ouviu: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado”.
O fruteiro se encantou na hora pelo o
papagaio e, esticando o indicador para o papagaio disselhe: “Venha meu amiguinho, venha, não tenha medo, dê o pé para uma grande amizade”, e o papagaio o fez. O fruteiro o colocou no carrinho de madeira, e enquanto este dizia: “Comprem, comprem, as belas frutas do seu amigo Ortenato”, o papagaio completava: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado.”
Um dia o primeiro dono do papagaio já recuperando parte da fortuna que havia perdido (no redemoinho dos negócios) foi procurar pelo seu amado papagaio, e o encontrou naquela situação com o fruteiro, e os feirantes brincando e tirando gracejos com o papagaio, enquanto este no carrinho de frutas esbugalhava os olhos, fazia barulho, abria as asas e balançava de lá para cá e de cá para lá. Esperou um momento em que o fruteiro estava caminhando sozinho com papagaio.
Aproximou-se, e explicou a situação para o fruteiro. Este em sua simplicidade exclamou: “Se é verdade o que dizes. O papagaio irá contigo” (e ficou muito receoso). O primeiro dono do papagaio esticou o indicador para o papagaio, e ele recuou, dizendo: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado.” Entristecido, disse o homem:
“Sabes que posso requerer sua guarda, coisa que não irei fazer. Porque amigo que é amigo, prima pela felicidade do outro. e está claro que ele está feliz contigo. Comigo ele tinha tudo, mas era acorrentado, e contigo ele tem o suficiente e é feliz. Podem ir.” Com os olhos brilhando de alegria o fruteiro acenou com a cabeça para aquele homem bem vestido, agradecendo aquele homem, virou e foram:
“Comprem, comprem as belas frutas
do Ortenato.”
“Sou feliz, sou feliz, porque sou um
homem afortunado”.
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